sábado, 17 de julho de 2010

Enfim, à solidão!

Agora que posso escrever, me fogem todos os assuntos. Poderia escrever aqui sobre o dia de hoje, mas julgo que não compensa, para mim foi um dia absurdamente comum, que não seria merecedor duma crônica. Poderia escrever sobre os livros que li recentemente, ou sobre a peça que assisti ontem, apesar de considerá-los importantes, não tenho vontade de escrever sobre, triste.
Recordo-me de casos que, na minha modesta opinião, mereceriam mais de um texto; pensamentos frequentes, dos quais vivo repetindo a mim mesmo que um dia soltarei em palavras; lembro-me também de textos prometidos à amigos queridos mas que nunca foram escritos. Não. Não escreverei sobre nada disso. Escreverei sobre mim, raramente faço tal façanha e pouco tenho vontade de fazê-lo, mas hoje, só hoje, o farei.
Sentado, frente ao teclado, na madrugada, escutando meu disco preferido, acredito estar vivenciando o momento do qual mais desejo tornar frequente na minha vida. Considero-me ambicioso por isso, parece que não é muita coisa para os outros. Uma madrugada, frente à um computador, escrevendo? Isso eu já tenho, posso fazer quando quiser. Não considero a questão simples assim, há os parênteses, sempre há ressalvas. Mas o que importa é o agora, deixemos o amanhã de lado.
Me sinto tão a vontade nesta dura cadeira de escritório, sentado numa postura ereta, digitando no teclado inclinado, por conta duma elevação na mesa, um tanto peculiar, que reside a máquina que utilizo. Sem contar é claro na luz de minha tela, que acabo de ajustar por sinal, que incomoda um pouco minha vista. Que momento mágico! É madrugada! Eu, sozinho, no silêncio de minha casa escrevendo! Tenho que mencionar que estou, no mínimo, emocionado.
Escuto, além da voz que emana das caixinhas de som do meu computador, a farra dos que comemoram à noite simplesmente porque vivem. Certos estão eles, que seja dia ou noite, vivem. Mas cada um vive à sua moda e eu, neste momento, não trocaria por nenhuma festança a minha solidão. Hoje descobri o quanto gosto de estar só, vejo o quão é lindo estar sozinho, a solidão é poética por si mesma. Enfim, me sinto bem, e agora, é o que importa.
Talvez amanhã, ou depois, tenha que desmentir o que está escrito acima, talvez escreva exatamente o oposto ao que lhes digo aqui. Caso isso venha acontecer, dou-lhes minhas sinceras desculpas antecipadas, se é que estas valem alguma coisa. No entanto, o que escrevo não são sentimentos momentâneos, já os venho notando há algum tempo, e se mesmo assim forem? Não faz mal, pois, o momento dura para todo sempre e há bastante tempo para ser revisto.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Férias: um tempo para não se fazer nada


Enfim, férias. Que bom! Finalmente chegam os dias de descanso tão esperados por nós todos. Os dias em que nos permitimos fazer tudo aquilo que não cabe mais na nossa agenda. Dormiremos despreocupados que o nosso amado amigo despertador não há de insistir em nos acordar. Almoçaremos o horário em que nos for conveniente, pois férias se resume a dois períodos: dia e noite. Não há manhã, tarde, nem noite ou madrugada. Você fica aguardando um semestre inteiro, ou pior, um ano todo por esse breve período em que nos esforçamos para nos manter no mais absoluto ócio.
Rapidamente crio uma rotina, que não segue padrão algum, mas que não deixa de ser uma rotina. Seria demasiado desgaste meu e até mesmo perda de tempo descrevê-la aqui, além de não ser do interesse de ninguém, este humilde blog tornaria-se um tipo de blog que abomino. Mas enfim, voltemos ao tema de origem.
Geralmente nas férias procuro os maiores livros que quero ler, aqueles que se você fosse ler com todas as suas atividades do dia-a-dia demoraria no mínimo uns três meses para concluir. Passo tardes, ou manhãs, dependendo do caso, entretido nas páginas destes, isso me dá inspiração para escrever, parece que quanto mais leio, maior é a vontade de escrever, talvez seja a esperança se manifestando esperando que saia algo parecido com aquilo que estou lendo.
Para complementar as tardes, após a leitura, dou um pulo até a esquina da minha rua, dar uma caminhada, ver pessoas, exercitar minha visão para depois poder recriar casos e transcrever aqui. Nesta ida até a esquina sempre observo mais de um fato interessante, por exemplo, hoje quando entrei na farmácia... Não, não e não, uma coisa de cada vez. Concentremo-nos na minha ida até a esquina, sempre que saio, encontro algum conhecido, um amigo que não vejo faz tempo, trocamos uma ou duas e até mesmo três palavras fúteis e seguimos cada um para o seu lado. Volto para casa pensando em mil possibilidades de textos, e agora a pouco depois de muito pensar, escolho o pior assunto dentre os que tenho, fazer o quê?
Além de ler, caminhar até a esquina, pensar, sendo este último o que mais faço, confesso que seria bom parar com essa dura atividade por algum tempo, ou quem sabe deletar determinados pensamentos (entenda isso como quiser). Inventei de começar a estudar a sério assuntos que julgo do meu interesse, então leio livros que tratam a respeito do curso que faço, vejo filmes muitas vezes citados em sala de aula e fico horas a fio na internet pesquisando sobre meus temas. Nesta brincadeira de estudar acabo com a outra parte do dia, mas ao fim, tenho impressão que não me canso.
Ah, esqueci de dizer que intercalo minha leitura, minha caminhada, meus pensamentos e meus estudos, enfim todas minhas atividades ociosas de férias, com um hábito recente, que tive que criar pois meu curso assim exige, o de desenhar. É diferente lidar com imagens, até mesmo porque estou acostumado a valer-me somente das palavras, só que mais uma vez tenho que interromper um assunto pois foge do tema desta e tentar recomeçar novamente.
Após cumprir todas essas tarefas tento, somente tento, traduzir em palavras aquele tanto de pensamentos que me assolaram o dia inteiro, dificilmente consigo, pois o dia só tem 24 horas e acabamos usando um bocado delas para dormir, que desperdício, né? Afinal, temos que aproveitar as férias, pois é o único tempo que temos para não fazer nada.