quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Brinde ao recomeço

O princípio é
você quem faz,
no entanto,  o
final pode chegar
a qualquer instante.

Não existe hora
para começar algo,
num momento pode-se
libertar e pensar.

Certeza derradeira, nem
sempre esperada, és
incerta e traiçoeira.

Não existe fim,
apenas um recomeço.

Então, à vida!

...

sábado, 26 de dezembro de 2009

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O tempo leva ao esquecimento.

Numa tarde ensolarada-chuvosa, um casal de velhos sentados um ao lado do outro, fazia uma de suas tarefas preferidas, relembrar o passado, os tempos de juventude, as "loucuras" da imaturidade, lembrar de um tempo que já foi.
_ Meu bem, você se lembra daquela viagem que nós fizemos para aquela praia, que ficava numa ilha, o Jorginho estava junto até; como é o nome do lugar, mesmo?
_ Ora, claro que lembro, como poderia esquecer?! Nós acampamos, passamos três dias longe de casa. Chamávamos somente de "Prainha", meu bem.
_ É mesmo, Prainha! Ficamos lá três dias, os mosquitos iam acabar com a gente se ficássemos mais um. Foi uma loucura!
_ É mesmo, uma loucura! Mas, sabe? Queria voltar lá qualquer dia, não para acampar é claro, mas queria ver como está lá.
_ Seria bom mesmo!
Enquanto falavam da viagem, seus olhos escuros, duros, desesperançados, que só o velhos têm, recuperavam um pouco da juventude de outrora.
_ Meu amor, lembra-se do dia que o nosso curumim nos informou que iria ser pai?
_ Ô se lembro! Você não acreditou! Pensou que era brincadeira!
_ Lógico! Aquele menino era levado demais! Vivia sempre mentindo pra gente!
_ Você quase bateu nele para que falasse a verdade!
_ É verdade! Eu lembro! Foi muito engraçado!
Enquanto lembravam do "curumim" deles, esboçavam aquele sorriso vazio que os velhos costumam ter, mas, ao mesmo tempo, era o sorriso de um bebê que ainda os dentes não cresceram, que está descobrindo o mundo agora.
_ Meu amor, você lembra do dia em que o Miltinho veio a nos deixar?
_ Como poderia esquecer! Foi um dia muito difícil! Gostava muito dele!
_ Eu também! Ele que nos apresentou! Era muito especial!
Enquanto recordavam, a solidão que só os velhos sabem sentir pairou sobre os dois, então os olhos e o sorriso que os velhos haviam adquiridos sumiram, e voltaram a ser velhos novamente.
_ Meu amor, acho que desde que te conheci, lembro de todo segundo da minha vida.
_ Eu também, meu amor, cada momento ao teu lado é inesquecível!
Silêncio.
_ Meu bem, se eu te disser uma coisa, você não fica magoado?
_ Nunca, amor.
Uma hesitação antes de falar, e uma melancolia na voz.
_ Não consigo lembrar de mais nada.
E com uma tranquilidade na voz, o velho diz:
_ Tudo bem, meu bem, veja o meu caso, também acabo de esquecer tudo.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Venha, alguém, me dizer onde agora ela está.

Eu bem sei o que faz, e sei como o faz.
Faz de tal farsa um capricho só, trata de tornar em uma arte.
De tão rotineiro, o faz parecer um momento único. O que o dinheiro torna sujo, ela faz parecer divino.
Quando ela sai, sobra espaço, sobra o quarto. Não sobra nada.
Essas roupas que por tantos chãos se espalham, parecem intocáveis raridades dentro desse baú.
Tais perfumes atraem tantos transeuntes, transeuntes que se perdem em suas ilusões.
Os sapatos que passam por tantas esquinas em que coitado estarão pisando agora?
Batom que marca tantos colarinhos, que coração estará marcando agora?
Aqui tenho todos os seus truques, todas artimanhas, toda essa grandeza, que sem ela de nada valem.
Sem ela, esse quarto é tão vazio, tão sem brilho, tão pobre, tão chato.
Sem ela, esse quarto é só mais um cômodo empoeirado e triste.
E a minha noite se resume em esperá-la. Para, quando a ver entrar por essa porta, abrir um sorriso e aconchegá-la em meus braços.
E enquanto a tenho aqui, posso ser feliz, podemos ser felizes. Até que o mundo a chame para a realidade.
Uma parte de mim morre sempre que a vejo sair por esta porta.
Mas não me importo com outros romances, pois sei, que sempre voltas pra mim.

Sintaxe do momento

Gozar e aproveitar,
Se decepcionar,
Criar, forçar, superar,
Poder, enfim, recomeçar.

           

domingo, 13 de dezembro de 2009

Somente por ti

Sentia que você,
não sei ao certo porque,
estava sempre distante. 

Distante de mim,
até mesmo de si.
Isolada da vida,
inteiramente desvairida.

Avançava em meio aos  ares,
sobrevoava dentre os mares,
submersa sobre as terras.

E por tudo que hoje acontece,
noto que não a faço mais feliz.
Sugiro que troque de parceria,
vá, enfim, viver tua vida.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Tic-tac

Tudo que se perdeu
No tempo em que corri,
No tempo que correu.
Tudo que foi e ninguém notou,
Tudo que é e ninguém vê,
Tudo que pode ser.
Pode ser tudo
Enquanto há tempo.
Há tanto e tão pouco tempo,
E se ele passar e ninguém ver?
Enquanto a gente espera,
o tempo corre.
A gente corre
e ele não espera.
Quando perceber que ele se foi
Só caberá chorar.
E ainda assim, o tempo continuará correndo.
Tic-tac.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Nós e o Vento

Hoje somos nós e o vento
Que coisa bonita de se ver
Hoje somos o vento
Que bom é ver tanta gente
Hoje somos pai, mãe e o vento
Que gostoso de se ver
Hoje tem tanta gente pra se ver
Que o vento soprou todo mundo
Mas ficou junto outra vez
Que bom.

Rosani Passos Lacerda