sábado, 14 de agosto de 2010

Sábado no Ibirapuera

Amar é difícil. Te amar é mais difícil ainda. Sábado nublado, grama e asfalto. Um cenário lindo. Pessoas, amigos. Estamos em paz, feito crianças brincando. Crianças. Muitas crianças correndo em volta. Volto a mim mesmo, descubro. Descubro que o tempo passou e tudo ficou. Não consigo voltar a ser criança, não consigo pouco me importar, pelo menos hoje não. Fico observando de longe as crianças brincando. Um desejo enorme.
Estava até mesmo animado. Brincando, ingenuamente. Andando, rindo. Não estava pensando. O choque com real cessou o riso. Fez refletir, fez enxergar. Ao redor havia muito mais que crianças, apesar delas serem a coisa mais interessante lá, havia também um sentimento plenamente visível, ou melhor, escancarado a vista de todos. Estava em todo canto, era impossível olhar para qualquer lugar sem encontrá-lo.
Difícil não cair na tentação de te abandonar, de imediatamente pegar minhas coisas e sair andando sem lhe dar explicações. Confesso, que por cinco minutos me arrisquei nesta caminhada, mas você estava lá, a todo momento, fiel a mim, então, voltei. Por mais que tentassem nos separar, nos uníamos, éramos inseparáveis.
Revendo todo o tempo, percebo o quanto tudo vai decaindo. Entusiasmo, pequenos detalhes somados, que acabam te deixando mal. Vontade, em algumas horas, desanimo. Lembro-me também dos que não podemos compreender, pura ignorância nossa. Imagino se mudaria alguma coisa se pudesse compreender um, concluo que não. Nada mudaria, não faria diferença.
Vontade de registrar tudo, todos os momentos mais ou menos alegres, teria algumas boas imagens. Ajusto ao tempo do relógio o que queria ter registrado. Depois das 15 horas, apertaria o botão "apagar". Não que depois tenha sido de todo mal, mas seria melhor esquecer.
Houve música também, ou melhor, acho que naquele parque, o que mais temos é música. Seu verde exala melodia. Tudo são sons e ritmos, são árvores. Momento de dúvida, de questionamento. Estava suscetível a aceitar qualquer ideia que plantassem em minha mente, estava dócil, manso, feito um gatinho de estimação. Desvarios, devaneios. Ou apenas, as vontades do meu subconsciente me dominando.
Enfim, posso dizer que afinal, nada aconteceu, fica a dúvida se isto é bom ou ruim. Acabamos voltando juntos para casa, não sei se como antes, mas estamos juntos. Um sentimento de dualidade, não tenho um único foco. Peso dois objetos na balança, esta não pende para lado nenhum. Será que podemos dizer que estamos em crise? Em todo relacionamento há crises, creio que isto é normal. Sabemos que irá passar, sabemos que iremos gozar de bons momentos. Estamos esse tempo todo juntos, quero ficar bem contigo, mesmo que para isso, nunca mais tenha que voltar naquele parque, pois você é, creio que sempre será, meu par, minha solidão.