sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A mesa

             João Cabral de Melo Neto

O jornal dobrado
sobre a mesa simples;
a toalha limpa,
a louça branca

e fresca como o pão.

A laranja verde;
tua paisagem sempre,
teu ar livre, sol
de tuas praias; clara

e fresca como o pão.

A faca que aparou
teu lápis gasto;
teu primeiro livro
cuja capa é branca

e fresca como o pão.

E o verso nascido
de tua manhã viva,
de teu sonho extinto,
ainda leve, quente

e fresco como o pão.

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Feliz 2011 pra todos!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sobre cobras e lagartos

- Filho, olha o sapato que ganhei! É de pele de cobra, de verdade!
Foram mais ou menos estas as palavras que desencadearam as bobagens que aqui trago. O meu estranhamento não foi pelo fato dela ter ganho um sapato, é verdade que nas condições atuais qualquer presente que se ganhe é motivo de festa, mas não sei se ficaria tão contente de ter ganho um sapato de pele de cobra, mesmo hoje.
A felicidade da mulher se assemelhava a de uma menina que ganha de presente a nova barbie fashion alguma coisa que acaba de ser lançada no mercado, em seu rosto havia um sorriso que ia de orelha a orelha. Levava no pé o objeto como se estivesse desfilando sobre uma passarela no mais importante evento de moda do mundo. O sapato a engrandecia.
Dizia toda fora de si que o material era pele de cobra, que entendia do assunto pois já trabalhara numa loja de sapatos, que isso custava uma nota preta. Chique pra caramba. Qual era minha função neste momento? Sorrir, o que mais podia fazer? Um sapato de cobra? Bacana.
Suspeito que o clímax do contentamento dela foi quando toquei as escamas de seu sapato, por insistência sua, é claro. Desculpem as mulheres, e principalmente, as cobras, mas não senti nada demais, não era tão maravilhoso quanto parecia, mas enfim...
Devo ser franco, assim que ouvi as palavras iniciais desta crônica (chamaremos isso assim, ok?), não houve como evitar de pensar: "que dó das cobras". Apesar da fama de ser meio traiçoeira, a acusam (injustamente?) de ser a responsável pela tentação do homem, e toda aquela lenda de como foi condenada a rastejar, blá, blá, blá... mas isso já faz tanto tempo, nem sabemos se realmente é verdade, e mamãe sempre diz que devemos perdoar os outros, não é?
No momento, se bem me lembro, estava sentado frente ao computador (pra variar), e ainda por um tempo ela lançou mais algumas exclamações sobre a cobra do sapato e visto que não fazia muito meu estilo percebeu o pseudo-entusiasmo do filho, então seguiu em seu desfile feliz da vida, procurando uma próxima vítima para dar o bote.
Contudo, esse episódio, aparentemente banal, me deixou duas coisas. A primeira, foi assunto para uma possível reconciliação com a escrita (se der sorte, ainda não esqueci como fazer). A segunda, um tanto a longo prazo no meu caso, mas pode ser que no seu funcione muito bem (o natal está chegando, pense a respeito), dar de presente um sapato de pele de cobra (legítimo, hein!) para uma mulher casada, madura e que necessite de um pouco de felicidade.
Ah, (agora me dirijo especialmente à estas mulheres) caso ganhe de presente um deste, por favor, não esqueça de me contar como foi, prometo mostrar mais interesse em seu sapato e quem sabe até toque suas escamas por livre e espontânea vontade.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

E o Haiti?

Há tempos venho fazendo essa pergunta, e o Haiti? Após todas aquelas catástrofes que assolaram a ilha caribenha será que a ordem foi restabelecida? A ordem jamais conquistada por seus cidadãos? Seus habitantes, como estão? Nunca mais falou-se deles, desapareceram novamente nas águas que o cercam, acabaram seus quinze minutos de fama, os holofotes, antes apontados para aquelas terras, estão expondo uma nova tragédia. Uma tragédia da qual o público ainda não se cansou e que tenha impacto igual ou maior ao que houve. Mas a magnitude da coisa, são eles que fazem. São eles, somos nós. Somos nós.
Pobres e infelizes os haitianos que continuam amargando com desgraças que não fizeram por merecer, pois desde os primórdios de seu povoamento colhem misérias. Pobres os que se iludiram com a esperança de que iriam receber ajuda, de que poderiam melhorar um pouco, somente um pouco, de vida. Foi preciso tudo - que não era nada - reduzir-se a pó para que a população haitiana fosse reconhecida como deveria ser: humana. Por cinco minutos foram, foram tão humanos que findo o tempo destinado a eles foram enterrados, enterrados vivos.
Grande a nossa hipocrisia, nos mostramos comovidos, sensibilizados pela situação retratada e, na época, só falávamos sobre o caso. Quem não demonstrava condolências aos nossos irmãos pobres e pretos era tachado como sem coração, sem alma. Campanhas organizadas às pressas viraram moda repentinamente, tendências de generosidade absoluta surgiram, mas como toda tendência tende à sair de moda, assim como entrou, passou.
Não digo que choro pelos meus companheiros todo dia, alias, nunca chorei. No entanto, sempre que lembro, uma revolta, uma indignação me invade e espanto-me com a sociedade. Me assusto com este mundo que infelizmente, pretendo entrar. Não tenho esperança de mudar nada, não tenho intenção de fazer uma revolução, até porque, estou ciente que entrando neste meio vou ter que em algum momento contribuir com o método imposto. Sei que vou ter que trair os haitianos, vou ter que me trair.
Espero, sinceramente, que um dia, façam algo além de pensar e rezar pelo Haiti. Que não seja preciso nós o colocarmos novamente no centro do mundo, pois afinal, somos caçadores de desgraças, somos informantes da tragédia, sempre buscamos más notícias, e disso, eles não precisam mais. O que há naquela terra em abundância é isto, nem deve ser novidade para os companheiros de lá, os coitados não devem nem aproveitar o tema, de tão desgastado que está, afinal, isso se transformou em banalidade, é comum ou normal.
E o Haiti? Como está esse país? Deem-me notícias irmãos! Um sinal de vida, de fumaça! Digam-me, só para me tranquilizar, que vocês estão vivos! Que não foram submersos realmente pelas águas do mar. Burlem o sistema apenas uma vez! Apareçam!
Não. Não precisa de mais nada. Deixo-lhes em paz, em sua paz miserável. Depois deste, seu país sairá de vez todas de minha cabeça, será esquecido para sempre. O Haiti só será lembrado pelos que nele vivem, mas ai é outra história, outro assunto. Assisto de longe as águas tomarem o lugar da terra que nunca deveria ter existido, da terra desgraçada que um dia teimou em emergir e por isso pagou pela sua ousadia. Lentamente, o Haiti vai acabando, vai morrendo, desaparecendo e faço de conta que não sei de nada, que nunca houve nada e uma hora me conformo com minha própria mentira. Ninguém se lembra mais de nada, não temos mais assuntos para nada e por isso, encerro-me aqui.

"Pense no Haiti
Reze pelo Haiti"

sábado, 11 de setembro de 2010

Semi-crônica

 

Vinte e sete anos de casada. Uma vida! Ou melhor, quatro vidas. Como o tempo passa rápido! Parece que foi ontem, parece que vivemos tudo isso em menos de uma semana. Uma relação construída de momentos, um caminho traçado dia após dia, cheio de mudanças, nuances.
Estamos cá hoje, ainda juntos, não vou mentir dizendo que estamos plenamente estáveis, afinal, estabilidade nunca fez parte do nosso cotidiano, mas não reclamo, no início eu até mesmo gostava, posso dizer que aquela menina que te conheceu, e que ainda vive aqui, continua gostando. Os relacionamentos com o passar do tempo sempre costumam ir ficando mais sólidos, mais estáveis, não sei se essa era a nossa intenção também, contudo, não posso dizer que não tentamos, e que falhamos completamente, pois aí, isso seria ficção.
Tudo começou por conta da melodia, principalmente, por conta do ritmo. O ritmo que desperta desejos, anseios. Hoje, mais experiente que ontem, tenho minha visão, ou melhor falando, minha audição reformulada, o que considero muito natural. Quando ouço a música ainda sinto, mas sinto de um modo diferente, não sei se você me entende. Lembro - não, recordo. Revivo todos os momentos, os toques, as trocas, só eu sei o quanto foi gratificante, o quanto foi essencial.
As notas prosseguem, vibram, não param, mas você sempre foi independente, auto-didata, cabeça-dura. Confesso, gostaria um pouco mais de compreensão da sua parte, em todos os sentidos. Justamente por falta desta, chorei. Chorei - ah, como já chorei. E sei que ainda chorarei mais, ouso dizer: o que mais nos aguarda no futuro são as lágrimas. Não quero pensar nisso, mas acaba sendo inevitável, quando se faz uma reflexão desta. Impossível não falar da dor, do sofrimento, da angústia de não poder fazer nada.
Um ano, um mísero ano comparado à tudo, no entanto, inteiramente marcante, especial em todos os sentidos. Um ano que ficou registrado espero que para a eternidade, se não ficar, só posso lamentar, pois minha parte eu fiz.
Não posso deixar de citar de forma alguma eles. Meus companheiros, minhas crianças, posso declarar aos quatro ventos que sem eles não haveria discurso, não haveria história, não haveria nada. Eles foram os idealizadores, os incentivadores de tudo.
Nossa relação começou transbordando, exacerbando produções. Admito que estas não foram devidamente trabalhadas, mas são muito significativas. Cada uma delas transmite não só o momento em qual virou realidade, mas toda uma evolução. São um conjunto, um pai, um irmão, um filho. Uma família.
Alguém um dia disse que todo homem deve, no mínimo, ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro, se considerar minha condição atual, redefinindo alguns conceitos, acho que posso sair de cena com a sensação de dever cumprido, no entanto, há pessoas que ainda não assistiram o espetáculo, portanto, feito uma atriz, prefiro começar tudo de novo.

sábado, 14 de agosto de 2010

Sábado no Ibirapuera

Amar é difícil. Te amar é mais difícil ainda. Sábado nublado, grama e asfalto. Um cenário lindo. Pessoas, amigos. Estamos em paz, feito crianças brincando. Crianças. Muitas crianças correndo em volta. Volto a mim mesmo, descubro. Descubro que o tempo passou e tudo ficou. Não consigo voltar a ser criança, não consigo pouco me importar, pelo menos hoje não. Fico observando de longe as crianças brincando. Um desejo enorme.
Estava até mesmo animado. Brincando, ingenuamente. Andando, rindo. Não estava pensando. O choque com real cessou o riso. Fez refletir, fez enxergar. Ao redor havia muito mais que crianças, apesar delas serem a coisa mais interessante lá, havia também um sentimento plenamente visível, ou melhor, escancarado a vista de todos. Estava em todo canto, era impossível olhar para qualquer lugar sem encontrá-lo.
Difícil não cair na tentação de te abandonar, de imediatamente pegar minhas coisas e sair andando sem lhe dar explicações. Confesso, que por cinco minutos me arrisquei nesta caminhada, mas você estava lá, a todo momento, fiel a mim, então, voltei. Por mais que tentassem nos separar, nos uníamos, éramos inseparáveis.
Revendo todo o tempo, percebo o quanto tudo vai decaindo. Entusiasmo, pequenos detalhes somados, que acabam te deixando mal. Vontade, em algumas horas, desanimo. Lembro-me também dos que não podemos compreender, pura ignorância nossa. Imagino se mudaria alguma coisa se pudesse compreender um, concluo que não. Nada mudaria, não faria diferença.
Vontade de registrar tudo, todos os momentos mais ou menos alegres, teria algumas boas imagens. Ajusto ao tempo do relógio o que queria ter registrado. Depois das 15 horas, apertaria o botão "apagar". Não que depois tenha sido de todo mal, mas seria melhor esquecer.
Houve música também, ou melhor, acho que naquele parque, o que mais temos é música. Seu verde exala melodia. Tudo são sons e ritmos, são árvores. Momento de dúvida, de questionamento. Estava suscetível a aceitar qualquer ideia que plantassem em minha mente, estava dócil, manso, feito um gatinho de estimação. Desvarios, devaneios. Ou apenas, as vontades do meu subconsciente me dominando.
Enfim, posso dizer que afinal, nada aconteceu, fica a dúvida se isto é bom ou ruim. Acabamos voltando juntos para casa, não sei se como antes, mas estamos juntos. Um sentimento de dualidade, não tenho um único foco. Peso dois objetos na balança, esta não pende para lado nenhum. Será que podemos dizer que estamos em crise? Em todo relacionamento há crises, creio que isto é normal. Sabemos que irá passar, sabemos que iremos gozar de bons momentos. Estamos esse tempo todo juntos, quero ficar bem contigo, mesmo que para isso, nunca mais tenha que voltar naquele parque, pois você é, creio que sempre será, meu par, minha solidão.

sábado, 17 de julho de 2010

Enfim, à solidão!

Agora que posso escrever, me fogem todos os assuntos. Poderia escrever aqui sobre o dia de hoje, mas julgo que não compensa, para mim foi um dia absurdamente comum, que não seria merecedor duma crônica. Poderia escrever sobre os livros que li recentemente, ou sobre a peça que assisti ontem, apesar de considerá-los importantes, não tenho vontade de escrever sobre, triste.
Recordo-me de casos que, na minha modesta opinião, mereceriam mais de um texto; pensamentos frequentes, dos quais vivo repetindo a mim mesmo que um dia soltarei em palavras; lembro-me também de textos prometidos à amigos queridos mas que nunca foram escritos. Não. Não escreverei sobre nada disso. Escreverei sobre mim, raramente faço tal façanha e pouco tenho vontade de fazê-lo, mas hoje, só hoje, o farei.
Sentado, frente ao teclado, na madrugada, escutando meu disco preferido, acredito estar vivenciando o momento do qual mais desejo tornar frequente na minha vida. Considero-me ambicioso por isso, parece que não é muita coisa para os outros. Uma madrugada, frente à um computador, escrevendo? Isso eu já tenho, posso fazer quando quiser. Não considero a questão simples assim, há os parênteses, sempre há ressalvas. Mas o que importa é o agora, deixemos o amanhã de lado.
Me sinto tão a vontade nesta dura cadeira de escritório, sentado numa postura ereta, digitando no teclado inclinado, por conta duma elevação na mesa, um tanto peculiar, que reside a máquina que utilizo. Sem contar é claro na luz de minha tela, que acabo de ajustar por sinal, que incomoda um pouco minha vista. Que momento mágico! É madrugada! Eu, sozinho, no silêncio de minha casa escrevendo! Tenho que mencionar que estou, no mínimo, emocionado.
Escuto, além da voz que emana das caixinhas de som do meu computador, a farra dos que comemoram à noite simplesmente porque vivem. Certos estão eles, que seja dia ou noite, vivem. Mas cada um vive à sua moda e eu, neste momento, não trocaria por nenhuma festança a minha solidão. Hoje descobri o quanto gosto de estar só, vejo o quão é lindo estar sozinho, a solidão é poética por si mesma. Enfim, me sinto bem, e agora, é o que importa.
Talvez amanhã, ou depois, tenha que desmentir o que está escrito acima, talvez escreva exatamente o oposto ao que lhes digo aqui. Caso isso venha acontecer, dou-lhes minhas sinceras desculpas antecipadas, se é que estas valem alguma coisa. No entanto, o que escrevo não são sentimentos momentâneos, já os venho notando há algum tempo, e se mesmo assim forem? Não faz mal, pois, o momento dura para todo sempre e há bastante tempo para ser revisto.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Férias: um tempo para não se fazer nada


Enfim, férias. Que bom! Finalmente chegam os dias de descanso tão esperados por nós todos. Os dias em que nos permitimos fazer tudo aquilo que não cabe mais na nossa agenda. Dormiremos despreocupados que o nosso amado amigo despertador não há de insistir em nos acordar. Almoçaremos o horário em que nos for conveniente, pois férias se resume a dois períodos: dia e noite. Não há manhã, tarde, nem noite ou madrugada. Você fica aguardando um semestre inteiro, ou pior, um ano todo por esse breve período em que nos esforçamos para nos manter no mais absoluto ócio.
Rapidamente crio uma rotina, que não segue padrão algum, mas que não deixa de ser uma rotina. Seria demasiado desgaste meu e até mesmo perda de tempo descrevê-la aqui, além de não ser do interesse de ninguém, este humilde blog tornaria-se um tipo de blog que abomino. Mas enfim, voltemos ao tema de origem.
Geralmente nas férias procuro os maiores livros que quero ler, aqueles que se você fosse ler com todas as suas atividades do dia-a-dia demoraria no mínimo uns três meses para concluir. Passo tardes, ou manhãs, dependendo do caso, entretido nas páginas destes, isso me dá inspiração para escrever, parece que quanto mais leio, maior é a vontade de escrever, talvez seja a esperança se manifestando esperando que saia algo parecido com aquilo que estou lendo.
Para complementar as tardes, após a leitura, dou um pulo até a esquina da minha rua, dar uma caminhada, ver pessoas, exercitar minha visão para depois poder recriar casos e transcrever aqui. Nesta ida até a esquina sempre observo mais de um fato interessante, por exemplo, hoje quando entrei na farmácia... Não, não e não, uma coisa de cada vez. Concentremo-nos na minha ida até a esquina, sempre que saio, encontro algum conhecido, um amigo que não vejo faz tempo, trocamos uma ou duas e até mesmo três palavras fúteis e seguimos cada um para o seu lado. Volto para casa pensando em mil possibilidades de textos, e agora a pouco depois de muito pensar, escolho o pior assunto dentre os que tenho, fazer o quê?
Além de ler, caminhar até a esquina, pensar, sendo este último o que mais faço, confesso que seria bom parar com essa dura atividade por algum tempo, ou quem sabe deletar determinados pensamentos (entenda isso como quiser). Inventei de começar a estudar a sério assuntos que julgo do meu interesse, então leio livros que tratam a respeito do curso que faço, vejo filmes muitas vezes citados em sala de aula e fico horas a fio na internet pesquisando sobre meus temas. Nesta brincadeira de estudar acabo com a outra parte do dia, mas ao fim, tenho impressão que não me canso.
Ah, esqueci de dizer que intercalo minha leitura, minha caminhada, meus pensamentos e meus estudos, enfim todas minhas atividades ociosas de férias, com um hábito recente, que tive que criar pois meu curso assim exige, o de desenhar. É diferente lidar com imagens, até mesmo porque estou acostumado a valer-me somente das palavras, só que mais uma vez tenho que interromper um assunto pois foge do tema desta e tentar recomeçar novamente.
Após cumprir todas essas tarefas tento, somente tento, traduzir em palavras aquele tanto de pensamentos que me assolaram o dia inteiro, dificilmente consigo, pois o dia só tem 24 horas e acabamos usando um bocado delas para dormir, que desperdício, né? Afinal, temos que aproveitar as férias, pois é o único tempo que temos para não fazer nada.

domingo, 20 de junho de 2010

Samba e Amor

Desperto. Obrigatoriamente levanto, não tenho outra escolha. Com um pouco de preguiça, ou quem sabe desanimo, permaneço estático frente ao espelho lembrando, pensando, escutando. A cidade, acordada há tempos, segue seu fluxo de sempre avançar bem mais, chegando antes do amanhã.
A madrugada a gente se amando, quietos no nosso canto, quando os demais já terminam seu descanso diário e as fábricas se preparam para receber os que iniciam um novo turno. Na verdade, invejam-nos, enquanto tentamos inutelmente levantar, os outros rumam lentamente para o fim.
Protegido sob suas asas tesas e macias, com um bendito instrumento a mãos, eu faço samba e amor a noite inteira, não tenho a quem prestar satisfação.
Deixo o nada de lado e prometo ficar apenas mais cinco minutos, assisto o tempo passar, me perguntando se é comum essa dificuldade em despertar.
Com um pouco de preguiça, ou quem sabe desanimo, debaixo do meu cobertor de lã, continuo lembrando, pensando, escutando e ali permaneço eternamente até o fim da melodia.

"Eu faço samba e amor até mais tarde"

domingo, 13 de junho de 2010

I

Espero.
Descobri que espero.
Descobri que espero até a eternidade.

Estou pronto para isso.
Dúvidas não existem mais.
Nunca estive tão certo como estou agora.

Nem pareço o mesmo menino de antes.
Cresci.
Parece que envelheci uns mil anos.

Eu quero.
Eu só quero.
Simplesmente quero.

Ainda bem que não foi um sonho.
Agradeço por tudo que passamos.
Pois, agora sei, somente agora sei, o que realmente quero.

E sei que seremos f...
Por isso, e somente por isso,
Espero.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Promessa

Volto ao inicio.
Longe de mim,
Finalmente volto.

Penso agora.
Revejo o tudo,
Felizmente penso.

E, simplesmente, concluo:
Como é bom,
Voltar e pensar.

domingo, 25 de abril de 2010

A Metamorfose Abrasileirada

Agora vô conta pr'ocês uma história dessas antiga, muito antiga, que ninguém se lembra mais se é verdade ou se é mentira. Mas dizem que aconteceu mesmo, com os ta-ta-ras não sei da contas do Seu Senhor Nosso Prefeito, que, nessa época, moravam numa cidadezinha aqui perto. Mais vô contá dum jeito bem resumido, mais bem resumidinho mesmo, que é pra não cansá - eu não cansá de conta, de me alembrá, e vocês não cansá de escutá.
Numa manhã, ao abri os zóio, um cabra chamado Gregório, viu que não era mais homi, ele tinha virado um  inseto, muito feio por sinal. Esse Gregório, tinha fama de ser um cabra porreta de bom, conseguia sustentar toda  família: um pai aposentado, que ganhava um mixaria, pobrezinho; a mãe, que só cuidava do marido, dedicada que só vendo; e a bichinha da irmã, que era muito inocentizinha.
Nesse dia, o cabra se atrasou demais pro trabaío - também né, como ele podia trabaía - que o chefe foi até a casa dele. E quando boto os zóio em cima do cabra,  fico da cor de burro quando foge e se escafedeu, a mãe, que não tinha visto ele ainda, desmaiô, tadinha, e o pai, não acreditando que aquilo era seu fio, enxotô ele de novo pro quarto. A bichinha da irmã, que era muito inocentizinha mesmo, ficô responsável por levar a comida do seu irmão-inseto.
Com o passar dos dia, ela e a mãe tinha esperança que ele voltasse ao normal, mais isso era mais impossível do que caí água no sertão em tempo de seca, então a dó que elas tinha se transformô em ódio. Judiavam demais do cabra, deixava ele trancafiado no quarto o dia todo e ele ficava escutando tudo que acontecia na casa. Sua família, sem seu apoio, passava, o que todos nós temos, dificuldade financeira, o que levô todo mundo a trabaía e a alugá o melhor quarto da casa, que não era lá essas coisas, né.
Por uma questão de educação, eles tiraram tudo que não prestava da vista dos hóspede e jogaram tudo no quarto do Inseto, e como disse que era casa de gente humilde, o quarto se encheu de traia. Uma noite, depois da janta, a bichinha da irmã, que não era mais tão inocentizinha assim, tava tocando uma sanfona pros hóspedes e Gregor, aproveitando que a porta do seu quarto tava aberta, vai até a sala, atraído pela música. Ao vê aquele bicho, que devia sê horrível mesmo, os hóspede tem uma reação pior que a do chefe: se assustam, xingam a família e, dizem que, nem pagaram pela estadia.
Depois do ocorrido e o cabra voltá pro quarto, ele escuta a família discutindo e ouve sua irmã, que agora não era mais nada de inocentizinha, dizê que prefiria que ele tivesse morto. Na manhã seguinte, ao abrí a porta do quarto do Inseto, a empregada vê que ele tá morto, mas, ao invés de se arrependê, como era de se esperá da família, eles ficam aliviados e mudam de cidade pra esquecê toda essa história. Mais como dizem, isso é só simpres e meros boatos, né.

domingo, 11 de abril de 2010

Poderia até pensar que foi tudo sonho

I

Deixaremos fluir, afinal, tudo flui. Não interviremos em absolutamente nada, agiremos normalmente, como se nada houvesse acontecido. Mas me pergunto, o que aconteceu de tão grave? Como deixamos as coisas chegar a esse ponto? E por quê?
Não sabemos. Nenhuma explicação plausível - não adianta nem tentarmos explicar e talvez nem precisemos de explicações. Afinal, para que antecipar algo que sabemos que acontecerá? Deixemos rolar. Quem sabe um dia acontece repentinamente.
Mas temo, tenho medo que isso nunca chegue acontecer. Ser tudo uma fantasia criada por duas mentes. E se as coisas fluírem em direções opostas? Incertezas, somente incertezas. Nada é certo. Lágrimas ou sorrisos? No momento: lágrimas.
O receio também é constante. Acima do medo de que nada aconteça, se sobressaí o medo de que um dia eu possa vir te magoar. Eu quero tudo, mas não sei ao certo se quero. E se minha vida mudar completamente? Lutei para chegar onde cheguei.
Uma agonia, não gosto de ser dominado, pior ainda, dominado por algo que não sei os riscos. Sempre estou no controle, e pela primeira vez não sei o que fazer, não vejo saídas. É um beco escuro, rodeado de casas, onde não sei o que pode acontecer caso gire a maçaneta d'alguma porta.
Alguma Luz pode estar atrás da porta, mas qual? Sento e espero alguém vir me salvar? Não posso, vai contra todos os meus princípios éticos e morais. Mais lágrimas, um rio de lágrimas. E agora?
Sento-me e começo a observar. Observar o quê? As portas fechadas? Talvez. Me pergunto: um dia esta agonia terá fim? Pelo que dizem, tudo acaba, ou melhor, o amor acaba.


II

Errei. Fiz a escolha errada. Devia ter insistido um pouco mais, me machucado um pouco mais. Tudo fluiu para a direção errada. Saiu tudo errado. Tive chances, mas deixei passar. Quis acertar mas já era tarde. Tenho só que me desculpar por tudo o que fiz e conscientemente continuo fazendo. Acabo me concentrando no que faço, acumulando funções, querendo não pensar, descontando nos outros minhas próprias angústias, me isolando.
Agora você vive sua vida, está bem e até mesmo feliz. Eu atormentado como sempre, vivo, apenas vivo. Um texto inacabado, palavras soltas, emoções gravadas e guardadas num canto qualquer. Um dia triste, uma trilha triste, reflexões doloridas. Escrevo para aliviar, para pensar, para me conformar.
No fundo, nada mudou, parece que parei no tempo, fui esquecido por todos, até mesmo por mim. As dúvidas ainda levo comigo, receio está sempre presente, medo e agonia são meus companheiros para toda eternidade. Lágrimas ou sorrisos? Não só neste momento, mas diariamente, lágrimas.
Um texto de despedida, mas permanecerei estático no centro do beco escuro, com medo do que está por vir, esperando a salvação que nunca aparecerá e me perguntando: um dia esta agonia terá fim? E pelo que continuam dizendo, tudo acaba, ou melhor, o amor acaba.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Cena I

Olhava para todos os lados, desesperada, desesperançada. Olhos arregalados, órbitas ouriçadas. Só isso se via daquele ser, um pedido de socorro demasiado humano, e ainda assim Todos fingiam não notar.
O corpo se retorcendo compulsivamente querendo se libertar do inexistente, de parametros que ainda não foram traçados e talvez, nem cheguem a ser. Um corpo que acima de tudo pretendia se desligar do Padrão.
Gritos mudos ecoavam pelos milhares de corredores que a cercavam, embora em nenhum deles houvesse um Ser que a pudesse, ou quissesse, ajudar. Gritos que marcavam como ferro a brasa aqueles que atingiam.
Viamos claramente agora as amarras que a prendiam, num olhar dum instante, notavamos toda a expressão que corpo já passará ao longo de sua História, enxergavamos o bando de corpos acumulados que este ser já fora.
Ações reprimidas, gritos contidos, especialidades que fora obrigada a desenvolver. Chutes, socos, mordidas, movimentos certos a quem assim se encontra, fazem deles armas Lúcidas, com que se defende e sempre se defenderá. Condenada e crucificada está, e presa a toda eternidade ao Amor, principalmente a liberdade, permanecerá.

segunda-feira, 15 de março de 2010

"Brinquei com as palavras
Fiz de mim, assim, parte de você
Coloquei o eu, no seu, e fiz disso um coração.
Fiz esse coração rimar com o respeito, a confiança, e juntos formaram essa aliança.
E assim, desse laço, me entrelaço a ti, meu amor. "


Caio Moro

segunda-feira, 1 de março de 2010

Dela, para ela

Confesso
Já perdi
          (meu juízo)
Durante 456 anos
Vi, revi, refleti
Tantas coisas

Hoje
     (nada me espanta)
Aceito coisas
(que diante de outras)
Seriam absurdas
Porém,
            (fazer o que?)

Agrego tudo
          (e todos)
Gosto disso,
    (do inovador
    do diferente)
Da diversidade
   (que me cerca)

Aprendi,
   (com o tempo)
Me acostumar com visual
   (concreto, prédios
   carros, engarrafamentos)

Tenho saudades
        (daquelas árvores)
Daquele Rio
         (companheiro)
Que corre ao contrário

Sinto falta
       (de atenção)
De cuidado
     (que mereço!)

Orgulho
    (dos meus filhos)
Que me fazem maior
            (a cada dia)
Que surgem de todos lados
E por isso
       (possuem hábitos
       e estilos diversos)
Me dão um jeito único
De não andar
      (de correr)
De sonhar
Me transformam no que
Fui, sou e vou.

Alguns desejam me deixar
Mas,
(meus filhos verdadeiros)
Não conseguem
Reclamam de mim
     (mas não encontram)
Soluções

Vez em quando
Aparece um
          (ou outro)
Com uma canção
Mas poucos
              (muitos)
Sabem admirar
“Da dura poesia discreta
de (minhas) esquinas”

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Todos os problemas levam à solidão

"Todo carnaval tem seu fim"

O cavaleiro a muito tempo se preparava para o confronto, gerava expectativas, tinha consigo a certeza que nada o derrotaria, que ao lado Desta tornará-se invencível. Mas um pequeno fato ao acaso, que para ele seria simples de contornar, não o imortalizou. A covardia dos demais o impediu, foi inutilizado, sentia-se apunhalado; Frustrado.
Era necessário força para continuar, força que só sua Dama poderia oferecer. Pois, os passos, as estratégias tinha em mente antes mesmo do embate começar, como todo bom Capitão. O que lhe faltava era ânimo, pois capacidade e coragem não lhe era preciso, os possuía de sobra. A cada embate perdido, a cada Tentativa em Fracasso, o cavaleiro morria aos poucos, se mostrava frágil, e precisava de um consolo que só Ela o poderia dar.
A cada ferida conquistada, a cada batalha frustrada, sua mente voava em desvaríos. Seus ideais se iam sem expectativas de retorno. Sua cama, em vez de lhe oferecer repouso e descanso era lugar de tortura, onde se via obrigado a pensar e a lembrar.
Se via responsável (e culpado) por tudo e por todos, se indignava pelos demais,  não aguentava estar de mãos atadas.  Não queria nem ao menos preocupações engendrar, sofria calado, sentia que era só, era inútil e debilitado.
Se ao menos exergasse no fim do túnel sua Esperança com rosto angelical, pele pálida, cabelos ondulados castanhos escuros, com olhos incrivelmente redondos combinando com os cabelos, usando um vestido rodado branco como as nuvens, e com ela pudesse contar, para lhe amparar, para o ajudar a recomeçar.
Mas quando podia estava muito ocupado para ir em busca de sua Dama Esperança, vivia somente correndo atrás da Senhora Justiça, que sempre perdia de vista assim que se aproximava.
Assim vivia, realmente só, contando apenas com o Misericordioso Tempo para lhe ajudar. Era simplesmente um sonhador, abrigava-se em sua própria utopia, esquecia de si mesmo, fingia que vivia sua vida, mas fugia de sua própria sina.

"O silêncio dá ênfase a solidão. "

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Churrasco, samba e bebida

Consegui o que achava impossível,
Esqueci o antes e o depois,
Vivi somente o agora.

Sem responsabilidades comigo,
Nem mesmo com os outros,
Bem ou mal, o fiz.

Não me arrependo,
São apenas alguns momentos,
Tão necessários quanto os outros.

Desde que o samba é samba

Deixo que a letra de Caetano e Gil diga o que neste momento sinto:

"A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite e a chuva que cai lá fora
Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora


O samba ainda vai nascer
O samba ainda não chegou


O samba não vai morrer
Veja o dia ainda não raiou


O samba é o pai do prazer
O samba é o filho da dor


O grande poder transformador"

Tentativa em Fracasso

De Kleber Henrique

Pois então, chega-se na hora em que a situação está literalmente insuportável. Justiça acabou – está perdida, está raptada, sumiu e nada mais se salva. A Senhora Democracia sabe que o Mestre Sistema usa seu nome em vão: está plenamente ciente de que a sociedade está estruturada de tal forma que ela fica impossibilitada de agir com total eficácia. Isto deixa-a praticamente surda, muda, cega, paralítica, sem ação.
Lá fora há uma hoste de saldados corajosos (chamados atualmente de “manifestantes”) que tentam reverter a situação; é como um pingo de esperança indistinta em meio a uma estarrecedora tempestade.
Jovens que ousam desafiar a imponência do grande Mestre Sistema, que tentam defender a Senhora Justiça, que lamentavelmente tem seu vestido puxado todos os dias (uma lástima perante a face da sensatez existente).
 “Jovens que são heróis.”
– Macula aeternitatis nunquam detergenda…? Non! Non! Fiat gloria! Fiat lux! Fiat JUSTITIA!
Um canto deslumbrantemente extraordinário, quebrado pelas balas de homens de preto numa ação trágica. Rechaçados como máquinas através do cinza infinito – mais uma indubitável vitória fácil do Mestre Sistema.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O Pico

Respiro
Transpiro
Sufoco
Aperto
Sinal
Final.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

close do fim

é o final
é o adeus
é a última cena
é o último aceno

é assim
é o recomeço

O bêbado decadente

Frente ao bar
Rente ao inferno
Doente a alma
Sente que é só
Mente que é
Indiferente aos outros
Igualmente triste
Ausente se esconde
Carente de estima
Resiste a sua sina
Nadando contra'corrente
Enquanto surge
O nascente continua
Vigente na sargeta
É um delinquente
Gente não é mais
Todos sabem
É só mais um
Bêbado decadente
Levanta tropegamente
Escorando na mureta
Um passo a frente
Dois pra trás
Mal enxergando os seus
Movimentos indecentes
De um homem
Agora em paz
Continua de bar em bar
Sua caminhada tenaz
Busca uma companhia
Num passado
Um homem decente
Hoje transviado
Um bêbado decadente
Divergente ao sucesso
Um ser deprimente
Imerso nos copos
Viu alguém
Que não conhecia
Falando alto
É pura valentia
Mas aos poucos
O encanto se desfazia
E o coitado
Aos poucos
Aparecia
Nas ruas
O movimento cresce
E andando vagamente
O coitado permanece
Um homem sempre
Desprezado
Vive a surdina
Ele é assim
Porque o quis
E deu no que deu
Um bêbado decadente
Perdido finalmente
Consegue encontrar
O lugar onde vai descansar
Tomba
A caneca
Para descansar eternamente
Naquela mesa
Até o fim de tarde
Quando começará novamente
A beber
A se iludir
A se esquecer.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Fragmento de Nova Percepção

"Uma noite de verão, uma brisa fresca me envolvendo, uma lua esplêndida e estrelas complementando o cenário. Parecia tão real, mas ao mesmo tempo era uma psedorealidade, uma batalha entre o delírio e a razão. Uma noite atípica, que ficou marcada na memória.
O astro rei levantou-se, e com ele toda a lucidez. 
Uma cidadezinha pacata, rodeada de colinas verdes e pasto generoso para o gado. No centro, havia uma simples capela e um pequeno comércio, era uma cidadezinha onde a globalização não alcançava, distante de toda ganância e brutalidade do mundo. Parecia com uma cidade no tempo do império, havia parado no tempo.
Instalei-me num hotel, que era uma casa humilde onde os viajantes passavam uma ou duas noites no máximo, e fui andar pelas ruas da cidade. Sua população era simpática e acolhedora. Me dirigi para a capela, era do mesmo estilo de toda cidade, simples, mas com certo misticismo que a tornava grandiosa. Quando vi o pároco me lembrei do sonho que tive na noite passada. Ele me observava, estava com um enorme sorriso, parecia que me conhecia de algum lugar. Comecei a disfarçar, tentando me esquivar dos olhos do velho, mas não consegui. Então sentei-me no banco, e fingi rezar. Passou cinco minutos, e então pude sair tranquilo.
Continuei a andar pela cidade, encontrei um restaurante, parecia que toda a cidade havia se reunido para almoçar, interagindo uns com os outros, coisa que jamais iria se ver numa grande metrópole. 
O que mais me encantava nessa cidade era as pessoas, a simplicidade delas, o cuidado que tinham umas com as outras, o amor para com o próximo.
Ao anoitecer, não senti vontade de tomar o ônibus e resolvi passar mais um dia nessa pequena cidade."

sábado, 30 de janeiro de 2010

Eu era Virgem

Eu era Virgem, não sou mais. Resolvi mudar. Cansei da minha virgindade. Não preciso ser virgem só porque nasci em agosto/setembro. Ser virgem é muito sem graça, é chato...

Resolvi dar minha virgindade ao primeiro disposto a recebê-la.

Um tempo depois, descobri que meu futuro será outro – e não gostei nada de saber do que me aguarda: Gêmeos. Preferiria ter continuado virgem, agi sem pensar. Parece que, ao contrário de certas coisas, signo não se escolhe.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Mais uma vez o fim

Muito me pergunto sobre o fim, de uns tempos pra cá este é um assunto frequente nas minhas reflexões noturnas. Não que esteja próximo do meu fim - pelo menos é o que espero - afinal,  não estou doente, não fumo, não bebo, não uso nenhum tipo de droga, só tenho a mania de pensar demais, o que pode ser um grande problema. Devo estar somente no meio de mais uma crise "pseudo-existencialista". Nota-se também pelos meus textos, estes podem parecer um pouco repetitivos, mas todos sabem que quando alguém como eu coloca algo na cabeça é muito difícil de tirar. Voltemos de uma vez ao fim.
Esses dias estava me distraindo com um joguinho para passar o tempo, destes que se deixar ficamos horas tentando concluir, mas consegui me controlar, jogava um pouquinho por dia para que o passatempo durasse bastante, mas infelizmente - ou felizmente, não sei - consegui concluí-lo. (Sem antes é claro, quase quebrar minha cabeça de tanto pensar.)
Este pequeno fato foi mote para o desencadeamento de uma série de novas reflexões sobre o fim.
Depois do fim de uma coisa banal como esta, o que devemos fazer? Não há mais graça em começar tudo novamente, você já saberá tudo. Daí foi somente um pulo para que eu começasse a imaginar o que acontece com os personagens de novela após seu fim, os mocinhos vivem felizes para sempre e todos os vilões vão para cadeia. Seus dilemas são todos resolvidos! Se eu fosse autor de novelas deixaria alguma questão (ainda que bobinha) em aberto. Eles não querem imitar a realidade?
Passando dos questionamentos novelísticos me atrevi e dei uma de cineasta, me coloquei a pensar e notei que muitos filmes já "imitam direitinho" a realidade, alguns cineastas já deixam o final em aberto, porém, muitas pessoas não compreendem e ficam com raiva do desfecho sem fim.
Me remetendo mais ao tema desta crônica me pergunto: o que existe depois do fim?
...
Fugindo um pouco do questionamento pouco conclusivo me pergunto sobre certas coisas que "nunca" terão fim, por exemplo, a corrupção em nosso país. Pois é, esta é uma questão que a anos deixamos em aberto, mas que devia ser solucionada igual a desfecho de novela, o povo prosperando para sempre e todos os vilões de Brasilia indo para cadeia.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Respostas do nós

Nós estavamos um junto do outro.
Nós estavamos um com o outro.
Nós queriamos estar um com o outro.

- O que mudou? - O momento.

Nós estamos um afastado do outro.
Nós estamos um sem o outro.
Nós queremos estar um sem o outro.

- Existe um por quê? - Não, podemos dizer somente que mudamos.

Nós conversamos.
Nós decidimos.
Nós realizamos.

- Por que mudaram? - Porque tudo muda.

Nós construímos.
Nós desconstruímos.
Nós convivemos.

- Foi difícil? - O que?

Nós estarmos um com o outro.
Nós nos afastarmos um do outro.
Nós convivermos um com o outro.

- Tudo. - Sim.

Nós nos amamos em demasia.
Nós sofremos em demasia.
Nós convivemos em demasia.

- Pode ser considerado o fim? - Não, apenas o recomeço.

Nós refletimos.
Nós reaprendemos.
E agora, nós vivemos.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Sou uma pequena árvore -
num planeta que está necessitado delas.

Uma árvore que vive em estado de evolução,
igual a todas as outras, mas que possuí
uma raiz um pouco mais forte.

Uma árvore que se tornará grande
e ajudará os que de ti precisarem.

Uma árvore que possuí um coração
batendo bem forte dentro de si.

Uma árvore que renasce toda primavera
e no outono deixa todos os males de lado.

Uma árvore que espalhará sementes
e fará muita falta quando tombar.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Ouça

Silêncio
Som-silêncio
Simples-som-silêncio.