domingo, 11 de abril de 2010

Poderia até pensar que foi tudo sonho

I

Deixaremos fluir, afinal, tudo flui. Não interviremos em absolutamente nada, agiremos normalmente, como se nada houvesse acontecido. Mas me pergunto, o que aconteceu de tão grave? Como deixamos as coisas chegar a esse ponto? E por quê?
Não sabemos. Nenhuma explicação plausível - não adianta nem tentarmos explicar e talvez nem precisemos de explicações. Afinal, para que antecipar algo que sabemos que acontecerá? Deixemos rolar. Quem sabe um dia acontece repentinamente.
Mas temo, tenho medo que isso nunca chegue acontecer. Ser tudo uma fantasia criada por duas mentes. E se as coisas fluírem em direções opostas? Incertezas, somente incertezas. Nada é certo. Lágrimas ou sorrisos? No momento: lágrimas.
O receio também é constante. Acima do medo de que nada aconteça, se sobressaí o medo de que um dia eu possa vir te magoar. Eu quero tudo, mas não sei ao certo se quero. E se minha vida mudar completamente? Lutei para chegar onde cheguei.
Uma agonia, não gosto de ser dominado, pior ainda, dominado por algo que não sei os riscos. Sempre estou no controle, e pela primeira vez não sei o que fazer, não vejo saídas. É um beco escuro, rodeado de casas, onde não sei o que pode acontecer caso gire a maçaneta d'alguma porta.
Alguma Luz pode estar atrás da porta, mas qual? Sento e espero alguém vir me salvar? Não posso, vai contra todos os meus princípios éticos e morais. Mais lágrimas, um rio de lágrimas. E agora?
Sento-me e começo a observar. Observar o quê? As portas fechadas? Talvez. Me pergunto: um dia esta agonia terá fim? Pelo que dizem, tudo acaba, ou melhor, o amor acaba.


II

Errei. Fiz a escolha errada. Devia ter insistido um pouco mais, me machucado um pouco mais. Tudo fluiu para a direção errada. Saiu tudo errado. Tive chances, mas deixei passar. Quis acertar mas já era tarde. Tenho só que me desculpar por tudo o que fiz e conscientemente continuo fazendo. Acabo me concentrando no que faço, acumulando funções, querendo não pensar, descontando nos outros minhas próprias angústias, me isolando.
Agora você vive sua vida, está bem e até mesmo feliz. Eu atormentado como sempre, vivo, apenas vivo. Um texto inacabado, palavras soltas, emoções gravadas e guardadas num canto qualquer. Um dia triste, uma trilha triste, reflexões doloridas. Escrevo para aliviar, para pensar, para me conformar.
No fundo, nada mudou, parece que parei no tempo, fui esquecido por todos, até mesmo por mim. As dúvidas ainda levo comigo, receio está sempre presente, medo e agonia são meus companheiros para toda eternidade. Lágrimas ou sorrisos? Não só neste momento, mas diariamente, lágrimas.
Um texto de despedida, mas permanecerei estático no centro do beco escuro, com medo do que está por vir, esperando a salvação que nunca aparecerá e me perguntando: um dia esta agonia terá fim? E pelo que continuam dizendo, tudo acaba, ou melhor, o amor acaba.

2 comentários:

  1. Adorei os textos de seu blog e gostaria de fazer alguma parceria.
    Quando tiver algum tempo, entre: http://queletra.blogspot.com/
    Parabéns pelo ótimo trabalho!

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  2. [..."Incertezas, somente incertezas"... / ..."Devia ter insistido um pouco mais, me machucado um pouco mais"...] É, porque ficar no raso, de soslaio, é pouco. É muito pouco. Vamos sendo sugados, e vamos descendo, suavemente descendo. Esse texto é um rasgo, é um salto. Texto cinza-gostoso.


    Arthur Victor.
    Sempre uma surpresa.


    Abraço.

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