domingo, 20 de junho de 2010

Samba e Amor

Desperto. Obrigatoriamente levanto, não tenho outra escolha. Com um pouco de preguiça, ou quem sabe desanimo, permaneço estático frente ao espelho lembrando, pensando, escutando. A cidade, acordada há tempos, segue seu fluxo de sempre avançar bem mais, chegando antes do amanhã.
A madrugada a gente se amando, quietos no nosso canto, quando os demais já terminam seu descanso diário e as fábricas se preparam para receber os que iniciam um novo turno. Na verdade, invejam-nos, enquanto tentamos inutelmente levantar, os outros rumam lentamente para o fim.
Protegido sob suas asas tesas e macias, com um bendito instrumento a mãos, eu faço samba e amor a noite inteira, não tenho a quem prestar satisfação.
Deixo o nada de lado e prometo ficar apenas mais cinco minutos, assisto o tempo passar, me perguntando se é comum essa dificuldade em despertar.
Com um pouco de preguiça, ou quem sabe desanimo, debaixo do meu cobertor de lã, continuo lembrando, pensando, escutando e ali permaneço eternamente até o fim da melodia.

"Eu faço samba e amor até mais tarde"

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