quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A felicidade é como a pluma


Você que inventou a tristeza
ora, tenha a fineza
de desinventar.”

Acordou com sono, sem vontade de acordar, se pudesse permaneceria na cama até o meio-dia, mas iria enfrentar um dia difícil, cheio de compromissos. Era uma quarta-feira e já não via a hora que o fim de semana chegasse. Saiu da cama na pontinha dos pés para não acordar sua parceira, ela não gostava que a acordassem e por isso nem a luz podia acender. No meio da escuridão foi até o banheiro, se olhou no espelho, deu um sorriso de satisfação, não precisaria fazer a barba hoje, isso aguentaria mais um dia. Tomou um banho rápido, trocou-se, mas assim mesmo estava atrasado, não daria nem para tomar o café preto que tanto gostava.
Saiu apressado, com a cara fechada, muito mal-humorado. Pegou um ônibus lotado, parecia que o motorista demorava só para irrita-lo, tinha impressão de que fosse andando chegaria mais rápido.
Entrou na sala atrasado, mas ainda a tempo de assistir a primeira aula. Não cumprimentou ninguém, não distribuiu nenhum sorriso, foi direto para seu lugar. Não estava com vontade de assistir aula, o professor falava, só que ele não conseguia, involuntariamente ou voluntariamente, prestar atenção, só enxergava os movimentos de sua boca. Estava agoniado, sentia um aperto no peito, não aguentou e chorou. Um choro silencioso, amargo, sincero. Ninguém reparou na sua angustia. Depois de enxugar suas lágrimas, parecia que havia se livrado de algo, uma vontade de recomeçar.
Num intervalo entre uma aula e outra aula, foi dar uma volta pelo prédio da escola, nos corredores vários colegas o vieram cumprimentar, isso fez com que se sentisse melhor, bebeu água e continuou sua caminhada. Quantas pessoas o conheciam! Quantas pessoas o admiravam! Não havia motivos para choro, para angústias, não valia a pena, e ele percebeu isso.
Voltou para sala irradiante, dava para se notar que algo tinha mudado; que tinha acontecido alguma coisa, todos o perguntavam o que foi, parte porque tinham inveja da felicidade do moço, parte porque era sua amiga e também fora contagiada com a alegria dele.
Levou consigo essa felicidade o dia inteiro, procurava sempre o lado bom das coisas, até mesmo das coisas desagradáveis. Quando chegou em casa, já a noite, sua parceira nota sua felicidade e eles aproveitam ela juntos. Só que no dia seguinte ele já não lembrava mais da lição aprendida no dia anterior, teria que aprender tudo novamente.

Tristeza não tem fim
Felicidade sim.”

3 comentários:

  1. Bastante singular. Bastante oportuno. ótimo texto, adorei Arthur!

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  2. Meu, vocês dois estão de parabéns. Claro, que pela hora não li com atenção aos textos, mas poxa vida, vocês deixam-me muito feliz. É maravilhoso ter contato com pessoas tão "fodas". Precisamos mobilizar aquela escola. Literatura, música, teatro. Um puta espaço daquele e nada rola.

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  3. Arthur.... todas as vezes em que vejo que vc postar algo me admiro....realmente não entendo como você consegue escrever coisas que eh vivida muitas vezes em nosso cotidiano, juro...
    Você sabe o quanto é meu amigo e o quanto te amo... afinal não é todo dia que encontramos amigos assim como vc guri...
    Parabens..
    Ludmila

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